No último dia de adesão, o plano de
demissão voluntária (PDV) dos Correios atingiu a marca de 5 mil inscrições. O
balanço fechado só vai ser divulgado na próxima semana, mas os desligamentos
serão inferiores à meta de 8,2 mil funcionários. Dessa forma, a economia com o
PDV aos cofres da empresa deve ficar em torno de R$ 500 milhões por ano – menor
do que a estimativa da empresa, de R$ 700 milhões a R$ 1 bilhão. “É um número
representativo, mas ainda não sei se é suficiente, precisa ser analisado”,
avaliou o presidente dos Correios, Guilherme Campos.
Para o
representante dos trabalhadores no conselho de administração dos Correios,
Marcos César Alves Silva, o desligamento de 5 mil funcionários de uma vez só é
bastante significativo, quase 5% da atual folha de pagamento. “A empresa acaba
perdendo um capital valioso, presente na experiência e no conhecimento dos que
a deixam”, afirmou. Segundo ele, a empresa está sem concurso desde 2011 e
alguns dos que vão sair são carteiros e atendentes, o que pode afetar o
atendimento ao público.
O
plano foi antecipado pelo Estado em novembro de 2016 e tinha como público
elegível 17,7 mil empregados. Os trabalhadores tinham até o fim do dia desta
sexta-feira para fazer a adesão. A meta foi colocada pela empresa tendo em
vista a média registrada nos últimos planos. Puderam participar funcionários
com tempo de serviço igual ou superior a 15 anos e com idade maior ou igual a
55 anos.
Alguns
funcionários disseram, sob a condição de anonimato, que adesão foi menor porque
o plano foi “mal vendido” e falta confiança dos empregados na atual administração.
Além disso, outra preocupação é com o futuro do Postalis (fundo de pensão dos
funcionários dos Correios), que registra rombos seguidos desde 2012.
Para
incentivar a adesão ao plano, a empresa ofereceu uma indenização que pode
chegar a até 35% do salário por, no máximo, oito anos. A indenização – chamada
de Incentivo Financeiro Diferido (IFD) – será reajustada anualmente com base na
inflação oficial. No caso de falecimento do empregado, a indenização será
mantida aos herdeiros.
O
benefício tem teto de R$ 10 mil mensais e o cálculo leva em consideração a
média dos salários recebidos nos últimos 60 meses e o tempo de serviço nos
Correios, além da idade.
A
estatal, que tem o monopólio da entrega de cartas pessoais e comerciais,
cartões-postais e malotes e pouca concorrência em cidades do interior, fechou
2016 com prejuízo em torno de R$ 2 bilhões, número próximo ao de 2015. Trata-se
do quarto ano consecutivo que os Correios fecham no vermelho. Como mostrou o
Estado, a empresa estuda fechar agências em todas as regiões metropolitanas do
País para economizar.
Mais
de dez anos após ser o palco inaugural do escândalo do mensalão, a Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) ainda sofre, segundo quem acompanha o
dia a dia da companhia, as consequências do aparelhamento político-partidário a
que foi submetida nos últimos anos.
FONTE:http://www.istoedinheiro.com.br/pdv-dos-correios-tem-5-mil-adesoes/