A proporção de trabalhadores em ocupações por tempo parcial (até
30 horas semanais) é maior entre as mulheres (28,2%) do que entre os homens
(14,1%). Isso pode estar relacionado à predominância feminina nos cuidados de
pessoas e afazeres domésticos, aos quais as mulheres trabalhadoras dedicavam
73% mais horas do que os homens.
Seja no conjunto da população, seja no universo do trabalho, as
mulheres são mais escolarizadas do que eles, mas o rendimento médio delas
equivale a cerca de ¾ dos homens. Além disso, no Brasil, 62,2% 60,9% dos cargos
gerenciais (públicos ou privados) eram ocupados por homens enquanto que apenas 37,8% 39,1% pelas mulheres, em
2016.
A dimensão educacional também revela a grande desigualdade
existente entre as mulheres, segundo sua cor ou raça: 23,5% das mulheres
brancas têm ensino superior completo, um percentual 2,3 vezes maior que o de
mulheres pretas ou pardas (10,4%) que concluíram esse nível de ensino.
Na vida pública do país, apesar da existência de cota mínima
(30%) de candidaturas de cada sexo em eleições proporcionais estabelecida pela
Lei 12.034, em 2017, as mulheres eram apenas 10,5% dos deputados federais em
exercício. Esta proporção (10,5%) é a mais baixa da América do Sul, enquanto a
média mundial de deputadas é 23,6%.
Na esfera estadual e distrital, 26,4% dos policiais civis e 9,8%
dos policiais militares eram mulheres. Apenas 7,9% dos municípios brasileiros
contavam com delegacia especializada no atendimento à mulher em 2014.
A taxa de fecundidade adolescente é um indicador que vem se
reduzindo no país: de 2011 para 2016, a taxa de fecundidade entre as mulheres
de 15 a 19 anos de idade caiu de 64,5 para 56,0 nascimentos a cada mil
mulheres. No entanto, a desigualdade regional desse indicador é grande: no
Acre, praticamente uma em cada dez mulheres nesse grupo etário teve filho em
2016, enquanto no Distrito Federal a maternidade chegou para apenas 4 em cada
cem adolescentes.
Essas são algumas das informações das Estatísticas
de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil, que
analisa as condições de vida das brasileiras a partir de um conjunto de
indicadores proposto pelas Nações Unidas.
A publicação e o material de apoio dessa divulgação podem ser
acessados à direita desta página.
O IBGE compilou informações de
suas pesquisas e de fontes externas para elaborar as Estatísticas de gênero:
indicadores sociais das mulheres no Brasil. Esses indicadores estão agrupados
em cinco temas: estruturas econômicas, participação em atividades produtivas e
acesso a recursos; educação; saúde e serviços relacionados; vida pública e
tomada de decisão; e direitos humanos das mulheres e meninas.
As informações são das
pesquisas do IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD e PNAD
Contínua), Projeções da População, Estatísticas do Registro Civil, Pesquisa
Nacional de Saúde (PNS) e Pesquisa de Informações Básicas Estaduais (Estadic),
além do Ministério da Saúde, Presidência da República, Congresso Nacional,
Tribunal Superior Eleitoral e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira – INEP.
Mulheres que trabalham dedicam
73% mais horas do que os homens aos cuidados e/ou afazeres domésticos
Em 2016, desagregando-se a
população ocupada do país por sexo, as mulheres dedicavam 18,1 horas semanais
aos cuidados de pessoas ou afazeres domésticos – cerca de 73% a mais de horas
do que os homens (10,5 horas semanais).
Regionalmente, a maior
desigualdade estava no Nordeste, onde as mulheres dedicaram 19,0 horas semanais
àquelas atividades, ou 80% de horas a mais do que os homens.
As mulheres pretas ou pardas
são as que mais se dedicam aos cuidados de pessoas e afazeres domésticos, com
18,6 horas semanais. Entre os homens, o indicador pouco varia quando se
considera a cor ou raça ou região.
28,2% das mulheres e 14,1% dos
homens trabalham em tempo parcial
Mulheres que necessitam
conciliar trabalho remunerado com os afazeres domésticos e cuidados, em muitos
casos, aceitam ocupações com carga horária reduzida. A proporção de ocupados
trabalhando por tempo parcial (até 30 horas semanais) mostra um percentual mais
elevado de mulheres (28,2%), quando comparado com os homens (14,1%). Nas
regiões Norte e Nordeste, a proporção de mulheres passa de 36%.
As mulheres pretas ou pardas
foram as que mais exerceram ocupação por tempo parcial, alcançando 31,3% do
total, enquanto 25,0% das mulheres brancas se ocuparam desta forma, em 2016.
Para os homens, somente 11,9% dos brancos se ocuparam por tempo parcial, ao
passo que a proporção de pretos ou pardos era de 16,0%.
Mulheres continuam recebendo
menos do que os homens
Em relação aos rendimentos
médios do trabalho, as mulheres seguem recebendo, em média, cerca de ¾ do que
os homens recebem. Em 2016, enquanto o rendimento médio mensal dos homens era
de R$2.306, o das mulheres era de R$1.764.
Considerando-se a rendimento
médio por hora trabalhada, ainda assim, as mulheres recebem menos do que os
homens (86,7%), o que pode estar relacionado com à segregação ocupacional a que
as mulheres podem estar submetidas no mercado de trabalho. O diferencial de
rendimentos é maior na categoria ensino superior completo ou mais, na qual o
rendimento das mulheres equivalia a 63,4% do que os homens recebiam, em 2016.
Mulheres e homens têm
proporção equilibrada de acesso a telefone celular
Quanto ao acesso e uso de
novas tecnologias, importante para análise do grau de autonomia da mulher, os
resultados indicam que a proporção de mulheres que possuem telefone celular no
Brasil (78,2%) é levemente superior a dos homens (75,9%).
Tal proporção é superior para
as mulheres em todas as grandes regiões, com exceção da região Sul, onde a
masculina (82,1%) é ligeiramente maior que a feminina (81,9%).
Atraso escolar é maior entre
homens pretos ou pardos
A vantagem educacional das
mulheres fica evidente a partir da análise de indicadores sobre o atraso
escolar e o nível educacional dos adultos. Uma forma de medir o atraso escolar
é por meio da taxa de frequência escolar líquida ajustada. Esse indicador mede
a proporção de pessoas que frequentam escola no nível de ensino adequado a sua
faixa etária, incluindo aquelas que já concluíram esse nível, em relação ao
total de pessoas da mesma faixa etária.
Em 2016, segundo a PNAD
Contínua, a taxa de frequência escolar líquida ajustada no ensino médio dos
homens de 15 a 17 anos de idade era de 63,2%, 10,3 pontos percentuais abaixo da
taxa feminina (73,5%). Isso significa que 36,8% dos homens dessa faixa etária
possuíam atraso escolar para o ensino médio, resultante de repetência e/ou
abandono escolar.
Considerando-se a cor ou raça,
a desigualdade no atraso escolar era considerável entre as mulheres: 30,7% das
pretas ou pardas de 15 a 17 anos de idade apresentaram atraso escolar no ensino
médio, enquanto 19,9% das mulheres brancas dessa faixa etária estavam na mesma
situação. Mas o maior diferencial (mais que o dobro) foi entre os percentuais
desse atraso nas mulheres brancas (19,9%) e dos homens pretos ou pardos
(42,7%).
Proporção de pessoas com
superior completo é maior entre as mulheres
Como resultado dessa
trajetória escolar desigual, relacionada a papéis de gênero e entrada precoce
dos homens no mercado de trabalho, as mulheres atingem em média um nível de
instrução superior ao dos homens. A maior diferença percentual por sexo
encontra-se no nível “Superior completo”, especialmente entre as pessoas da
faixa etária mais jovem de 25 a 44 anos de idade, em que o percentual de homens
que completou a graduação foi de 15,6%, enquanto o de mulheres atingiu 21,5%,
indicador 37,9% superior ao dos homens.
Novamente, constata-se
desigualdade entre mulheres por cor ou raça. O percentual de mulheres brancas
com ensino superior completo (23,5%) é 2,3 vezes maior do que o de mulheres
pretas ou pardas (10,4%) e é mais do que o triplo daquele encontrado para os
homens pretos ou pardos (7,0%).
94,7% das mulheres teve acesso
a pré-natal
Segundo a Pesquisa Nacional de
Saúde (PNS) 2013, entre as mulheres de 18 a 49 anos de idade, 97,4% tinham sido
atendidas pelo menos uma vez em uma consulta pré-natal com profissional de
saúde especializado na última gravidez. As mulheres nessa faixa etária que
chegaram a ser atendidas em pelo menos quatro consultas foram 93,9%.
Na desagregação por cor ou
raça, ambos os indicadores sobre atendimento em consulta pré-natal apresentam
desigualdade: enquanto 98,6% das mulheres brancas foram atendidas em no mínimo
uma consulta com profissional de saúde especializado na última gravidez, entre
as pretas ou pardas esse percentual foi menor: 96,6%.
Quando o parâmetro é ter
frequentado no mínimo quatro consultas, o percentual foi de 95,4% para as
mulheres brancas e 92,8% para as mulheres pretas ou pardas. Essas desigualdades
se acentuam regionalmente: na região Norte, por exemplo, o percentual de
mulheres brancas que foram atendidas em no mínimo quatro consultas (98,5%)
superou o de mulheres pretas ou pardas (87,9%) em mais de dez pontos
percentuais.
Uma em cada quatro mulheres
não utilizava método contraceptivo
Ainda segundo a PNS 2013,
72,3% das mulheres de 18 a 49 anos casadas ou em união, sexualmente ativas e
que não estavam na menopausa utilizavam algum método para evitar a gravidez, ou
seja: mais de 1/4 das mulheres nesse grupo não utilizavam qualquer método
contraceptivo. No Norte (68,4%) e Nordeste (71,5%) os percentuais estavam
abaixo da média nacional.
Tabagismo é mais frequente
entre homens e a obesidade, entre mulheres
A PNS 2013 também revela que o
Brasil espelha a tendência mundial de maior incidência de tabagismo entre os
homens e de obesidade entre as mulheres: 18,9% dos homens fumavam algum produto
de tabaco, percentual que foi de 11,0% para as mulheres. Já a proporção de
homens obesos (17,5%) era inferior à de mulheres obesas (25,2%).
A esperança de vida das
mulheres aos 60 anos era maior do que a dos homens e aumentou entre 2011 e
2016. Em 2011, a esperança de vida de uma mulher de 60 anos no Brasil era de
23,1 anos e passou para 23,9 em 2016. Já a dos homens subiu de 19,6 para 20,3
anos.
Apenas um em cada dez
deputados federais era mulher em 2017
Em dezembro de 2017, o
percentual de mulheres parlamentares no Congresso Nacional era de 11,3%. No
Senado, 16,0% eram mulheres e, na Câmara dos Deputados, 10,5%. Três estados
brasileiros não tinham nenhuma deputada federal: Paraíba, Sergipe e Mato
Grosso.
Em 2017, o Brasil ocupava a
152ª posição entre os 190 países que informaram à Inter-Parliamentary Union o
percentual de assentos em suas câmaras baixas (câmara de deputados) ou
parlamento unicameral ocupados por mulheres parlamentares em exercício.
Na América do Sul, o Brasil
mostrou o pior resultado. No mundo, as mulheres ocupavam, em média, 23,6% dos
assentos nas câmaras baixas ou parlamentos unicamerais.
Mulheres ocupavam 37,8% 39,1% dos cargos
gerenciais em 2016
No Brasil, em 2016, 62,2% 60,9%
dos cargos gerenciais, tanto no poder público quanto na iniciativa privada,
eram ocupados por homens e 37,8% 39,1%
por mulheres. A participação das mulheres em cargos gerenciais era mais alta
entre as gerações mais jovens, variando de 43,4% 43,1%
entre as mulheres com 16 a 29 anos, até 31,3% 31,8%
entre as mulheres com 60 anos ou mais de idade.
Mulheres eram 26,4% do efetivo
das polícias civis em 2014
O percentual de policiais
mulheres é um indicador que, além de atender à meta de integrar as mulheres à
vida pública, compõe as medidas de assistência à mulher em situação de
violência doméstica e familiar.
Esse atendimento se dá no
âmbito das polícias civis, subordinadas aos governos estaduais. Segundo a
Pesquisa de Informações Básicas Estaduais (Estadic), em 2013, a proporção de
mulheres no efetivo das polícias civis das unidades da Federação era de 26,4%.
Considerando o total efetivo
das polícias civis e militares, a proporção de mulheres no país era de 13,4%; o
total de mulheres no efetivo nacional das polícias militares era de 9,8%. A
unidade da Federação com a menor participação de mulheres no somatório do
efetivo policial militar e policial civil era o Rio Grande do Norte, com 5,1%,
e a que tinha a maior participação era o Amapá, com 23,4%.
Apenas 7,9% dos municípios têm
delegacias especializadas para atender mulheres
A existência de delegacias
especializadas no atendimento à mulher não integra o Conjunto Mínimo de
Indicadores de Gênero elaborado pela Divisão de Estatísticas das Nações Unidas.
No entanto, é oportuno lembrar que a Pesquisa de Informações Básicas Municipais
(Munic) 2014 e a Estadic 2014 identificaram que apenas 7,9% dos municípios
brasileiros contavam com este tipo de delegacia.
Segundo essas mesmas pesquisas
do IBGE, em 11 das 27 Unidades Federação, o tema da violência doméstica e de
gênero havia sido abordado no programa de capacitação continuada oferecido aos
profissionais no ano anterior.
No Acre, uma em cada dez
mulheres de 15 a 19 anos de idade foi mãe em 2016
Em 2016, a taxa de fecundidade
adolescente era de 56,0 nascimentos a cada mil mulheres na faixa dos 15 aos 19
anos de idade. Essa taxa vem diminuindo gradativamente a cada ano, tendo
alcançado 64,5 nascimentos por mil mulheres em 2011.
Entre as regiões, as menores
taxas estavam no Sul (45,4 por mil) e Sudeste (45,6); no outro extremo, a
região Norte registrou 85,1 nascimentos para cada mil mulheres de 15 a 19 anos.
A menor taxa entre as unidades da Federação foi do Distrito Federal, 38,6. O
Acre apresentou a maior taxa de fecundidade, 97,8 nascimentos por mil mulheres
de 15 a 19 anos, ou cerca de um nascimento para cada dez mulheres nessa faixa
etária.
FONTE:https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2013-agencia-de-noticias/releases/20232-estatisticas-de-genero-responsabilidade-por-afazeres-afeta-insercao-das-mulheres-no-mercado-de-trabalho.html