Caminhões e carros são vistos parados na agência central dos Correios na Vila Leopoldina, em São Paulo, no primeiro dia de paralisação (Foto: Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo)
A greve dos Correios entrou em seu 8º dia nesta
quinta-feira (4) com o impasse nas negociações entre a estatal e os
representantes sindicais dos trabalhadores.
Está prevista para esta quinta-feira uma reunião entre a
direção da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e
Telégrafos e Similares (Fentect) e o presidente dos Correios, Guilherme Campos.
Nesta quarta, reunião entre os Correios e as representações sindicais no
Tribunal Superior do Trabalho (TST) terminou sem acordo.
Os Correios informaram que a paralisação, ainda
que parcial, acarreta um potencial de perda de aproximadamente R$ 6,5 milhões
por dia aos cofres da estatal.
Segundo a estatal, integrantes da Fentect bloquearam na
quarta-feira o acesso ao edifício-sede da empresa em Brasília, tentando impedir
a entrada de funcionários.
Proposta de negociação apresentada pelos Correios no dia 1º foi levada para assembleias
dos sindicatos dos trabalhadores filiados à Fentect, que orientou pela rejeição
da proposta e continuidade da greve.
No momento, somente os estados do Amapá, Roraima e Rio
Grande do Sul continuam fora da greve. De acordo com a Fentect, a adesão à
paralisação envolve carteiros, atendentes, administrativos, técnicos e
trabalhadores de nível superior.
Os funcionários das agências franqueadas, que são
terceirizados, não participam da greve. A empresa possui atualmente cerca de
6.500 agências próprias, além de mais de 1 mil franqueadas.
Segundo a estatal, a paralisação concentra-se
principalmente, na área operacional, sendo que 86,31% do efetivo total no
Brasil está presente e trabalhando.
Reivindicações
Os representantes dos trabalhadores pedem
a retirada da mediação do TST sobre os planos de saúde, revogação da suspensão
das férias, debate sobre a situação econômica da empresa, revogação da entrega
alternada e otimização de atividade interna, suspensão das ameaças de demissão
motivada e privatização, suspensão do fechamento das 250 agências e a criação
de comissão com a participação dos trabalhadores para tratar sobre o tema.
A estatal tenta implantar um novo formato para o plano
de saúde dos funcionários, o Postal Saúde. A empresa alega que esse custeio é o
responsável pela maior parte do déficit registrado nos últimos anos na estatal.
Hoje a estatal arca com 93% dos custos dos planos de saúde e os funcionários
com 7%.
Quanto ao plano de saúde, os Correios propõem que os sindicatos apresentem
uma contraproposta. Caso haja acordo, os Correios retirarão a solicitação de mediação
que haviam feito junto ao Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Os Correios voltaram atrás em relação à decisão de
suspender as férias dos trabalhadores. A estatal prevê a revogação da medida
por 90 dias e disse que pagará até R$ 3,5 mil para os empregados que forem
tirar férias em maio, junho e julho. O restante dos valores será parcelado. Os
sindicatos querem que as férias sejam mantidas.
A estatal também disse que vai descontar as faltas dos
funcionários na última sexta-feira (28) e exigirá compensação dos funcionários
que faltaram nos últimos dias.
Os Correios informaram que se dispuseram a
suspender as novas implantações de medidas operacionais como a distribuição
domiciliária alternada, entrega matutina e organização das atividades internas
e que essas medidas serão negociadas em comissão a ser formada com essa
finalidade. Os casos locais e os que apresentarem maior dificuldade serão
prioridade na negociação.
Crise nos Correios
Os Correios enfrentam uma severa
crise econômica e
medidas para reduzir gastos e melhorar a lucratividade da estatal estão em
pauta.
Nos últimos dois anos, os Correios apresentaram prejuízos que somam,
aproximadamente, R$ 4 bilhões. Desse total, 65% correspondem a despesas de
pessoal.
Em 2016, os Correios anunciaram um Programa de Demissão
Incentivada (PDI) e pretendia atingir a meta de 8 mil servidores, mas
apenas 5,5 mil aderiram ao programa.
Os Correios planejam
também fechar cerca de 200 agências neste ano, além de uma série
de medidas de redução de custos e de reestruturação da folha de pagamentos.
Segundo os Correios, o fechamento dessas agências acontecerá sobretudo nos
grandes centros urbanos.
No dia 20 de abril, o presidente dos Correios, Guilherme
Campos, afirmou que a demissão
de servidores concursados está na pauta e vem sendo estudada. Segundo ele, os Correios não têm condições de continuar arcando
com sua atual folha de pagamento e contratou um estudo para calcular quantos
servidores teriam que ser demitidos para que o gasto com a folha fosse
ajustado.
Nesta quinta-feira, no entanto, foi anunciada
a escolha da organizadora do próximo concurso dos Correios para as áreas de saúde, segurança e
engenharia para os cargos de auxiliar de enfermagem do trabalho júnior, técnico
de segurança do trabalho júnior, enfermeiro do trabalho júnior, engenheiro de
segurança do trabalho júnior e médico do trabalho júnior. O número de vagas e
salários não foram divulgados.
O último concurso dos Correios foi realizado em 2011
para 9,1 mil vagas.
FONTE:http://g1.globo.com/economia/noticia/greve-dos-correios-entra-no-8-dia-sem-acordo-nas-negociacoes.ghtml
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