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Juarez Aparecido de Paula Cunha, presidente dos Correios: Bolsonaro disse que o militar se comportou como "sindicalista" (José Cruz/Agência Brasil) |
Demitido pelo
presidente Jair Bolsonaro, o presidente dos Correios general Juarez Cunha enviou uma
carta de despedida aos funcionários na noite desta terça-feira. Na mensagem,
exalta os resultados financeiros obtidos nos sete meses em que esteve à frente
da estatal.
“Os
índices da qualidade operacional superaram todas as metas, a recuperação
financeira no último ano apresenta resultados muito favoráveis e as
perspectivas futuras são excelentes. Nossa Empresa prossegue num franco
processo de recuperação iniciado em 2018.”
O general relembra também sua passagem pelo
exército: “Assim como defendi e respeitei todos os soldados do Exército de
Caxias, também respeitei e defendi todos os empregados dedicados que
orgulhosamente envergam o uniforme azul e amarelo”.
Termina
mensagem com uma referência ao slogan de campanha do presidente Bolsonaro.
“Brasil Acima de Tudo! Correios no Coração de Todos!”
Juarez deve ser
destituído do cargo oficialmente nesta quarta-feira, após reunião do conselho
de administração da estatal. Ele foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro,
que não gostou da postura do general durante uma audiência pública no Congresso
sobre a privatização da estatal. Juarez se
posicionou contra a privatização e posou para foto com parlamentares da
oposição. Para Bolsonaro, foi uma “atitude de sindicalista”.
A
fala de Bolsonaro ocorreu na sexta-feira e caiu como uma bomba entre executivos
e funcionários da companhia. Um executivo próximo à estatal classificou a fala
de Bolsonaro como truculenta e disse que a notícia foi recebida com espanto na
empresa.
O
general passou o início da semana à espera de uma carta do Ministério da
Ciência e Tecnologia com a notícia oficial da demissão. Próximo a Bolsonaro,
Cunha ficou abalado com a fala do presidente. Segundo um assessor próximo ao
general, Cunha e Bolsonaro são amigos há décadas e frequentaram a casa um do
outro. O general cursou a Academia Militar das Agulhas Negras, assim como
Bolsonaro, e é próximo do vice-presidente da República, general Hamilton Mourão.
Apesar
da manifestação do presidente, o general foi trabalhar na segunda-feira, se
reuniu com funcionários e afirmou que só deixaria o cargo quando a demissão
chegasse oficialmente.
Cunha
foi indicado para o cargo ainda no governo Temer, em novembro de 2018, ano em
que a estatal teve 161 milhões de reais de lucro.
Leia a íntegra da carta enviada pelo general
Juarez Cunha aos funcionários:
DESPEDIDA
DOS CORREIOS
Meus
caros amigos e amigas dos Correios!
Após
sete meses à frente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, me afasto
do vosso convívio com a consciência tranquila de ter empenhado o melhor dos
meus esforços a serviço desta Empresa.
Foram
sete meses de trabalho em equipe, num ambiente de muito profissionalismo,
dedicação, camaradagem e cooperação, onde obtivemos excelentes resultados.
Os
índices da qualidade operacional superaram todas as metas, a recuperação
financeira no último ano apresenta resultados muito favoráveis e as
perspectivas futuras são excelentes. Nossa Empresa prossegue num franco
processo de recuperação iniciado em 2018.
A
criação do Projeto Balcão do Cidadão me enche de orgulho, pois os Correios
continuarão levando ao cidadão brasileiro, particularmente das localidades mais
remotas, seu apoio, traduzido em cidadania e integração nacional.
Orientei
minhas decisões com base na ética, na meritocracia e na restrição à influência
político partidária. Fundamentei minha liderança na busca dos melhores
resultados, no fortalecimento do espírito de corpo e no exemplo. Obtive um eco positivo
no âmbito da maioria dos empregados, que alavancaram o moral, a confiança e o
orgulho de pertencerem a esta empresa centenária.
Meus
amigos!
Há
50 anos, prestei meu sagrado compromisso perante a Bandeira do Brasil. Naquele
momento, jurei tratar com afeição os irmãos de armas e com bondade os
subordinados. Nunca deixei de cumprir com este juramento. Durante minha longa
carreira militar, atingindo o mais alto posto no Exército, cumpri com retidão
as palavras professadas diante do nosso invicto Pavilhão Nacional.
Assim
como defendi e respeitei todos os soldados do Exército de Caxias, também
respeitei e defendi todos os empregados dedicados que orgulhosamente envergam o
uniforme azul e amarelo.
Se
não fosse para exercitar minhas firmes convicções, eu não poderia ser o
Presidente dos Correios. Se não fosse para recuperar os Correios, no contexto
da recuperação do nosso País, eu não teria aceitado este grande desafio.
Esse
é um momento de serenidade e confiança no futuro. Todos os integrantes da
Empresa, desde a Diretoria Executiva até o Carteiro mais jovem, devem se
conscientizar da necessidade de prosseguir na jornada de recuperação e
modernização da ECT. Há ainda muito por fazer, existem muitos obstáculos a
ultrapassar, mas nenhuma barreira poderá reter as ações empreendidas com
coragem, dedicação e confiança.
O
meu muito obrigado a todos que contribuíram com minha gestão nestes poucos
meses. A missão ainda não está cumprida, mas confiamos que esta briosa
organização, com 356 anos completos, ainda tem muito a oferecer ao País.
Brasil Acima de Tudo! Correios no Coração de Todos!