Trabalhadores dos Correios recebem os menores salários entre as empresas públicas e estatais |
São Paulo – Com o menor salário
entre os trabalhadores das estatais, os funcionários dos Correios deverão
sofrer com outro golpe do governo federal: alterações importantes no plano de
assistência à saúde. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) deverá julgar
em fevereiro a ação para retirar pais, filhos e cônjuges da assistência médica
dos funcionários.
Para os trabalhadores, além da ação ir contra o acordo coletivo,
falta transparência do governo ao apresentar um suposto déficit da empresa para
justificar a medida. Segundo o secretário-geral da Federação Nacional
dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect),
José Rivaldo da Silva, os funcionários não recebem um salário justo para arcar
com os custos que virão a partir da retirada de seus familiares dos convênios.
"Cerca de 80% dos trabalhadores dos Correios têm média
salarial muito baixa, não chega a R$ 2 mil. É muito pouco para que o governo
coloque mais uma conta no nosso bolso. Não tem como a gente pagar um plano de
saúde", afirma.
Atualmente, o acordo coletivo
permite a cobertura de 95% dos custos do plano aos concursados e de seus 260
mil dependentes. Os Correios querem reduzir em um terço o gasto de R$ 1,8
bilhão anual, caso o TST julgue a ação em favor da empresa. "O governo
quer dar um golpe nos trabalhadores e colocar na nossa conta o falso argumento
da falência dos Correios", lamenta Rivaldo.
A federação diz que o déficit
alardeado pela direção da empresa não é transparente e tem como base os
lançamentos contábeis relacionados aos planos de demissão incentivada,
pós-emprego e depreciações. "Nos últimos 20 anos, o governo gastou, em
média, de 8% a 9% da receita bruta da empresa com plano de saúde. Ao longo dos
anos a receita cresce, mas o gasto não dobrou, se manteve nessa média",
explica Rivaldo.
A Fentect afirma que atua
em duas frentes para derrubar a ação: mobilizando os trabalhadores e
conversando com o Ministério Público. "Vamos levar os números que
temos para tentar descaracterizar este argumento de que é o plano de saúde o
responsável pela oneração da empresa."
Entretanto, os ataques a
direitos conquistados pelos trabalhadores, desde a chegada do governo Temer ao
poder, faz a categoria se preparar para a necessidade de intensificar a luta.
"Com as mudanças nas leis trabalhistas e
decisões monocráticas que o tribunal tem tomado, a gente aguarda com muita
cautela", acrescenta o secretário-geral.
FONTE:http://www.redebrasilatual.com.br/trabalho/2018/01/ajuste-no-plano-de-saude-dos-correios-e-golpe-nos-trabalhadores-diz-fentect