Saudações aos meus irmãos e irmãs evangélicos. Que a paz do Senhor esteja com todos.
Nada melhor do que o dia da consciência negra para refletirmos
sobre a seguinte indagação: Se os escravocratas tivessem tido “consciência
humana” estaríamos aqui debatendo conceitos sobre consciência negra?
Não tenho a pretensão de entrar em intermináveis polêmicas
doutrinárias ou disputas ideológicas acerca da fé e religiosidade. Gostaria de
elencar alguns fatos históricos que contrastam com narrativas, no meio evangélico,
nos últimos tempos. Temos tido tempos difíceis em que tais narrativas buscam
reescrever a história para mudar o foco e desvirtuar o sentido dos princípios basilares
da verdadeira fé cristã.
Tolerância, empatia, fraternidade, caridade, inclusão, pacificação,
parecem termos meramente ilustrativos sem alguma aula bíblica ou palavras
escritas em algum livro lido e esquecido em alguma estante empoeirada. Parece
que alguns líderes e liderados esqueceram, ou tem como mera narrativa literária,
os eventos bíblicos. Como é bom pregar sobre Moisés e sua extraordinária fé,
coragem e determinação. E Abraão, José, Elias?
Não é possível contar os sinais e milagres sem citar o
sofrimento, perseguição e dor enfrentada pelo povo hebreu. É impossível negar a
luta pela liberdade e afirmação identitária deste povo por seus valores
ancestrais. Não há como esconder o desterro, escravidão e vergonha pelo qual
passaram. E se lermos os textos bíblicos e substituirmos o povo hebreu pelo
povo negro, ou outra qualquer minoria?
Como pode um cristão compactuar com um opressor, racista
e genocida que relativiza o sofrimento, estimula a violência, a repressão e a intolerância
ao povo negro? Isso se choca frontalmente com os ensinamentos de Jesus.
Parece que um falso sentimento de sucesso e glamour
cegou o entendimento de muitos. Este falso domínio criou uma anomalia no
discernimento que leva a se dar mais valor ao TER do que o SER. Mais o ARMAR do
que o AMAR.
Jesus nasceu pobre e viveu no meio do povo. Combateu os
poderosos da religião e da política. Confrontou as castas dominantes em defesa
dos menos assistidos. Por isso foi menosprezado, insultado, escandalizado, injustiçado,
acusado, condenado e morto. Para que?
Para que a igreja, hoje, seja pior que àqueles seus algozes?
Não, certamente não!
Não podemos mais conviver com deturpações teológicas que
criam adeptos extremistas ao invés de discípulos de Cristo. Devemos abandonar
esta busca insana por hegemonia religiosa que sufoca a espiritualidade que habita
em nós.
Estamos carentes de reconciliação. Precisamos,
urgentemente, estar conectados com os ensinamentos de Jesus, indo aos becos e
vielas, na periferia, nas favelas e bairros pobres. Escolher acolher os pobre e
deixar de bajular os ricos. Abandonar a ostentação e sobejar a humildade. Talvez
assim haja salvação.
Por: Joel Arcanjo Pinto
Servo de Jesus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário