sábado, 20 de novembro de 2021

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA - UMA BREVE REFLEXÃO



Saudações aos meus irmãos e irmãs evangélicos. Que a paz do Senhor esteja com todos.

Nada melhor do que o dia da consciência negra para refletirmos sobre a seguinte indagação: Se os escravocratas tivessem tido “consciência humana” estaríamos aqui debatendo conceitos sobre consciência negra?

Não tenho a pretensão de entrar em intermináveis polêmicas doutrinárias ou disputas ideológicas acerca da fé e religiosidade. Gostaria de elencar alguns fatos históricos que contrastam com narrativas, no meio evangélico, nos últimos tempos. Temos tido tempos difíceis em que tais narrativas buscam reescrever a história para mudar o foco e desvirtuar o sentido dos princípios basilares da verdadeira fé cristã.

Tolerância, empatia, fraternidade, caridade, inclusão, pacificação, parecem termos meramente ilustrativos sem alguma aula bíblica ou palavras escritas em algum livro lido e esquecido em alguma estante empoeirada. Parece que alguns líderes e liderados esqueceram, ou tem como mera narrativa literária, os eventos bíblicos. Como é bom pregar sobre Moisés e sua extraordinária fé, coragem e determinação. E Abraão, José, Elias?

Não é possível contar os sinais e milagres sem citar o sofrimento, perseguição e dor enfrentada pelo povo hebreu. É impossível negar a luta pela liberdade e afirmação identitária deste povo por seus valores ancestrais. Não há como esconder o desterro, escravidão e vergonha pelo qual passaram. E se lermos os textos bíblicos e substituirmos o povo hebreu pelo povo negro, ou outra qualquer minoria?

Como pode um cristão compactuar com um opressor, racista e genocida que relativiza o sofrimento, estimula a violência, a repressão e a intolerância ao povo negro? Isso se choca frontalmente com os ensinamentos de Jesus.

Parece que um falso sentimento de sucesso e glamour cegou o entendimento de muitos. Este falso domínio criou uma anomalia no discernimento que leva a se dar mais valor ao TER do que o SER. Mais o ARMAR do que o AMAR.

Jesus nasceu pobre e viveu no meio do povo. Combateu os poderosos da religião e da política. Confrontou as castas dominantes em defesa dos menos assistidos. Por isso foi menosprezado, insultado, escandalizado, injustiçado, acusado, condenado e morto. Para que?

Para que a igreja, hoje, seja pior que àqueles seus algozes? Não, certamente não!

Não podemos mais conviver com deturpações teológicas que criam adeptos extremistas ao invés de discípulos de Cristo. Devemos abandonar esta busca insana por hegemonia religiosa que sufoca a espiritualidade que habita em nós.

Estamos carentes de reconciliação. Precisamos, urgentemente, estar conectados com os ensinamentos de Jesus, indo aos becos e vielas, na periferia, nas favelas e bairros pobres. Escolher acolher os pobre e deixar de bajular os ricos. Abandonar a ostentação e sobejar a humildade. Talvez assim haja salvação.

Por: Joel Arcanjo Pinto

Servo de Jesus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário