Vila Almirante fica situada por trás de muro do complexo operacional dos Correios, em Fortaleza |
A Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) recuou do processo de reintegração de posse da Vila
Almirante, no bairro Praia de Iracema, em Fortaleza. Um pedido de
suspensão da ação judicial foi protocolado pela estatal na Justiça Federal
nesta sexta-feira, 9, quatro dias após as 30 famílias que residem na área serem
notificadas oficialmente sobre o processo.
"Os
Correios informam que, nesta sexta-feira, 9, peticionaram ao juiz requerendo a
suspensão do processo de reintegração de posse de seu imóvel na Vila Almirante,
na Praia de Iracema, em Fortaleza, para fins de negociação com os
moradores", diz nota enviada pela empresa ao O POVO.
O comunicado
ressalta que o processo foi iniciado em setembro do ano passado, na gestão
anterior, ainda sob o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). "A atual
diretoria da empresa não compactua com essa forma de agir e irá buscar uma
solução conciliatória para regularização da área, em que não haja necessidade
de desalojar os moradores", prossegue a nota.
De acordo com os Correios, representantes da estatal procuraram lideranças comunitárias da vila nesta sexta-feira para tranquilizá-los sobre o assunto. O POVO esteve no local na última terça-feira, 6, e mostrou a angústia dos moradores diante da possibilidade de desocupação forçada das residências. A vila tem quase 100 anos de existência e abriga gerações de famílias.
"Os
Correios reafirmam seu compromisso social com as comunidades em que se inserem
e destacam que a atual gestão da empresa irá sempre priorizar a via da
conciliação na solução de questões que envolvam a sociedade", diz trecho
final do comunicado.
O pedido
de suspensão do processo foi comemorado pelo líder comunitário José de Araújo
Júnior, 63, filho da moradora mais antiga da Vila, a aposentada Hélia Rocha
Araújo, 83. "Recebemos essa notícia com alívio, mas ainda estamos
cautelosos porque não sabemos o que eles vão querer da gente", declarou
ele ao O POVO ao ser informado sobre a nova petição.
Júnior e
os demais moradores da vila foram pegos de surpresa na última segunda-feira, 5,
com a visita de oficiais de Justiça e policiais do Batalhão de Policiamento de
Choque (BPchoque) para notificar a comunidade sobre uma ação de reintegração de
posse. O documento informava prazo de 15 dias para que as famílias contestassem
a ação na Justiça.
Moradores
ouvidos pelo O POVO disseram que a entrega da notificação assustou a
comunidade, que até então não sabia da existência do processo. A presença de
policiais fortemente armados acompanhando os oficiais de Justiça causou aflição
nos moradores, especialmente nos idosos. "Ainda estamos muito magoados
devido à forma como fomos tratados. Não precisava disso", lamentou Júnior.
No processo, que agora deve ser suspenso, os Correios alegam ser a legítima proprietária do terreno onde 20 imóveis foram construídos, numa área de aproximadamente 1,6 mil metros quadrados (m²). A vila está situada entre a avenida Almirante Tamandaré e a rua dos Pacajus e é cortada por um muro do complexo operacional dos Correios, que funciona ao lado.
FONTE:https://www.opovo.com.br/noticias/fortaleza/2023/06/09/correios-recuam-e-pedem-suspensao-de-reintegracao-de-posse-de-vila-na-praia-de-iracema.html
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