O protesto pela morte de um
adolescente, no bairro Itararé, resultou em pânico, correria e na depredação e
no roubo da carga de um carro dos Correios, na Avenida Leitão da Silva, em
Vitória, na manhã desta terça-feira (25). Lojas foram apedrejadas e, na comunidade,
um veículo foi incendiado no meio da rua.
A morte do jovem aconteceu, segundo testemunhas, por
volta das 6h. Os moradores reclamam da abordagem da polícia e dizem que o jovem
foi morto enquanto ia comprar pão. A polícia alega que o jovem estava em um
grupo suspeito, que portava droga e que lutou com um policial antes de morrer.
Por causa da morte, as aulas de uma escola da regidão
foram suspensas, de acordo com os moradores.
Versão da polícia
O jovem morreu durante um confronto com
policiais no bairro. A PM informou que o rapaz de 17 anos já foi detido quatro
vezes, sendo três por tráfico e uma por desacato. A equipe de militares fazia
uma patrulha pelo bairro quado viu um grupo suspeito. Eles fugiram e o jovem
acabou sendo alcançado. O rapaz lutou com um policial, levou um tiro na barriga
e morreu. Os policiais disseram que acharam cocaína e crack em uma sacola com o
rapaz.
A polícia não disse se o jovem morto estava armado, mas,
durante a briga, ele tentou tirar a arma.
Versão dos moradores
Uma moradora que não quis dar o nome disse
estava trabalhando quando a polícia chegou. "Eles fizeram essa abordagem
totalmente despreparada. Jogaram bala de borracha, ameaçaram atirar essa bala
no meu marido. Isso é sempre desse jeito aqui. A polícia chega achando que todo
mundo é bandido", disse.
O líder comunitário Sandro Rocha disse que o adolescente
que foi morto pela polícia estava indo comprar pão, quando foi abordado.
"Eles não quiseram nem saber, só porque o menino é de cor. A polícia é
despreparada. Tinha muito tempo que a gente aqui estava em paz. Aí eles
chegaram fazendo isso", disse.
Carga
A polícia informou que, entre a carga
roubada, estão cerca de 10 malotes do Tribunal de Justiça do Espírito Santo
(TJ-ES).
O G1 entrou em contato com o TJ, mas o órgão disse que a
responsabilidade pelos malotes é dos Correios.
Os Correios disseram que, por questões de sigilo postal,
não podem informar que tipo de documentos foram roubados. O caso será tratado
diretamente com o TJ e a empresa aguarda a apuração da polícia.
Protesto
Por volta das 8h10, homens invadiram a
Avenida Leitão da Silva, usando telas de proteção da obra para fechar a pista.
Enquanto isso, outros jogaram pedras no comércio e abaixaram as portas das
lojas.
Eles também fecharam a pista da avenida com paus, pedras
e materiais da obra, que acontece no local. Toda a ação foi filmada pelas
câmeras do comércio local.
Nas imagens, é possível ver carros dando ré para tentar
voltar. Em seguida, eles começaram a atacar o carro dos Correios. Alguns
abriram a porta do carro e fugiram correndo com os malotes.
"Só deixaram eu e meu parceiro sair, arrebetararam
o carro, pegaram os malotes do Tribunal de Justiça e fugiram. Eu tentei dar ré
rapidamente, mas não consegui. Tinha uns 10 ali com pedra, não sabia se estavam
armados. O que eu ia fazer?", contou o agente dos Correios Elias Mendes.
Os suspeitos também tentaram impor um toque de recolher
no comércio da região, descendo as portas dos estabelecimentos e jogando
pedras.
"Escutamos o barulho e os meninos jogando pedra e
gritando. A gente se trancou dentro da loja ouvindo tudo. A gente ficou com
medo", disse Adriana de Souza, que trabalha em um comércio da região.
O Batalhão de Missões Especiais (BME) foi para o local
para liberar a via. Em um beco do morro, eles ainda colocaram fogo em um carro
de passeio.
A polícia fechou as escadarias que dão acesso à Avenida
Leitão da Silva e passou a manhã monitorando quem passava pelo local.
Por volta das 9h30, o trânsito já havia sido liberado na
avenida e a manifestação acontecia no bairro Itararé.
FONTE: http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2016/10/carro-dos-correios-e-apedrejado-e-carga-e-roubada-em-vitoria.html